segunda-feira, 16 de março de 2015

A ciência revela como os cérebros dos nadadores são diferentes dos outros

Nos últimos dias, um texto sobre o comportamento dos nadadores americanos foi bem compartilhado nas redes sociais. Escrito pelo ex-nadador Sam Wollner para o siteSports.Mic, ele traz argumentos que ajudam a explicar o fato da natação, talvez o esporte mais forte dos Estados Unidos, não gozar de muita popularidade por lá. Apesar de ter sido divulgado na época do Pan-Pacífico, ou seja, há cerca de um mês, é atemporal. Como foi escrito originalmente em inglês, trazemos aqui a tradução para que os brasileiros possam apreciá-lo. E, quem sabe, também nos fazer pensar em como fazer da natação mais popular por aqui.
A ciência revela como os cérebros dos nadadores são diferentes dos outros
Por Sam Wollner
Os melhores da natação americana estão em Gold Coast, na Austrália, para o Campeonato Pan-Pacífico. O evento, que começa na quinta-feira e continua até segunda, é o primeiro das competições de alto nível em direção aos Jogos Olímpicos de 2016 no Brasil. Marca o retorno de Michael Phelps às competições internacionais e também destaca os mais últimos prodígios da América: Katie Ledecky e Missy Franklin. É especialmente empolgante assistir Ledecky, pois ela está emergindo como a melhor nadadora do país, passado o auge de Phelps.
Mas poucas pessoas se importam. Como sugeriu o USA Today, Ledecky talvez seja “a atleta mais dominante que você não conheça''.
À exceção de Phelps, isso é um fenômeno comum no esporte. A natação americana é, como Ledecky, dominante. Nos Jogos Olímpicos de 2012 em Londres, os americanos venceram mais medalhas na natação do que em qualquer outro esporte. De acordo com o Bleacher Report, as 31 medalhas conquistadas pelos nadadores americanos em Londres representaram mais do que qualquer outra nação que participou dos Jogos, à exceção de China, Rússia, Grã-Bretanha, Alemanha, Japão, Austrália e França.
E isso ocorre a despeito dos esforços do Comitê Olímpico Internacional (COI) em frear o domínio americano. Após os Jogos Olímpicos de 1976, para garantir que os americanos não ocupassem todos os lugares nos pódios, o COI reduziu o número de nadadores que cada nação podia inscrever de três para dois.
Talvez nenhum esporte reflita melhor as proezas atléticas dos Estados Unidos do que a natação. O futebol do país sempre é eliminado em fases iniciais de Copas do Mundo. O basquete teve nas Olimpíadas de 2004 um momento de embaraço. O atletismo tem estado à volta com escândalos de doping. E a natação americana continua sendo invariavelmente motivo de orgulho nacional em competições internacionais.
Então, por que as pessoas não ligam para isso?
Um pouco disso talvez se deva aos próprios nadadores. O esporte é dominado por personalidades altamente disciplinadas, focadas e até mesmo tímidas. Ao Chicago Tribune, Ledecky disse: “Eu gosto da sensação de um treino duro.'' Seu técnico a descreve como “silenciosa como uma assassina'' antes das provas. Ela optou em não se tornar uma atleta profissional, com patrocínios individuais, e anunciou sua intenção de frequentar a Universidade de Stanford em 2015.
Os melhores nadadores possuem uma distinta habilidade de mergulhar a cabeça, entrar em uma privação sensorial na água e encarar a linha preta da piscina por horas a fio. Como descrito em seu perfil 60 Minutes, Phelps entrou em uma piscina para treinar por absolutamente todos os dias, por cinco anos, até seu momento épico, as oito medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos de 2008. Para isso é preciso ser uma espécie de criatura fora do normal, não necessariamente uma personalidade atraente.
Para deixar claro, “fora do normal'' deve ser tomado aqui como um elogio. A disciplina de treinamentos de Phelps é tão admirável quanto suas conquistas. Um Zen Budismo misturado com uma espécie de masoquismo, que faz a mente renegar aos impulsos humanos normais. Um dos vídeos de motivação favoritos dos fãs de natação, Rise and Swim, destaca Phelps encorajando os nadadores a negligenciar o “senso comum'' e sair da cama às 5h da manhã para pular nas águas geladas de uma piscina.
Para serem bem sucedidos, os nadadores devem romantizar seus estilos de vida tediosos. Eles parecem se retirar em seus santuários mentais para conseguirem inspiração. Alex Meyer, nadador olímpico em 2012, em seu documentário de um dia na sua vida, descreve que sua habilidade de visualizar provas e deixar sua imaginação voar livre o ajuda a persistir através dos treinos para provas de 10 km de maratonas aquáticas.
É frustrante pensar que talvez a chave do domínio americano nas piscinas seja também a maior barreira para estabelecer a popularização do esporte. A distinta habilidade de um nadador de suportar a monotonia também molda personalidades que não são imediatamente “vendáveis'' (no sentido de marketing). Claro que há exceções. A simpatia e a atitude positiva de Missy Franklin a tornaram a queridinha da natação da América. Ryan Lochte e seu jeito despachado o faz um pouco mais amigável e vendável que Phelps.
P.H. Mullen escreveu no livro Gold in the Water: “A cada quadriênio, a natação norte-americana sai da obscuridade e se mostra ao mundo.'' Enquanto as câmeras se viram para captar a volta de Phelps, será interessante ver se outros nadadores americanos conseguirão capitalizar em cima da oportunidade de elevar o perfil do esporte e mantê-lo longe da obscuridade.
Por Daniel Takata

REFERÊNCIAS: http://swimchannel.blogosfera.uol.com.br/2014/09/30/a-ciencia-revela-como-os-cerebros-dos-nadadores-sao-diferentes-dos-outros/?mobile

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